236 anos da Escola Dominical

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No dia 18/09 a IPB – Igreja Presbiteriana do Brasil comemorou o Dia da Escola Dominical. O terceiro domingo de setembro é a data reservada para esta comemoração na IPB. E no último domingo, 25/09, tivemos uma lição preciosa na classe de adultos, ministrada pelo Rev. Carlos Souza, sobre este assunto, abordando a história do surgimento da EBD, seus idealizadores, e a importância desta escola para o crescimento da igreja hoje.
Este post vem corroborar com aquilo que foi exposto pelo Rev. Carlos Souza, deixando aqui também registrada a história da Escola Dominical. 

Pioneirismo

As origens da Escola Dominical remontam aos tempos bíblicos, quando o SENHOR ordenou ao seu povo Israel que ensinasse a Lei de geração a geração. Dessa forma, a história do ensino bíblico descortina-se a partir dos dias de Moisés, passando pelos tempos dos reis, dos sacerdotes e dos profetas, de Esdras, da educação judaica na sinagoga, do ministério terreno de Jesus Cristo, e da Igreja Primitiva com os apóstolos, quando as atividades didáticas foram fundamentais para a propagação e consolidação do evangelho. Não fossem esses inícios tão longínquos, não teríamos hoje a Escola Dominical!
A Escola Dominical, nos moldes como a conhecemos hoje, teve seu início na cidade de Gloucester, no sul da Inglaterra. Seu fundador foi o jornalista cristão Robert Raikes.
A cidade de Gloucester, onde Raikes morava, era uma importante cidade inglesa no período pós Revolução Industrial, notável por sua indústria de tecelagem. Atraía muita gente que, deixando a vida no campo, seguia para as cidades buscando melhores condições de vida. Entretanto, a imensa riqueza de uma minoria contrastava com a grande pobreza e o analfabetismo da maioria da população. O fato de existirem muitas igrejas na época não impedia o avanço da criminalidade.
Raikes preocupava-se muito em melhorar as condições das prisões e em dar mais dignidade e oportunidade de regeneração aos presidiários, que eram submetidos a terríveis condições nas cadeias.
Observando o meio onde estava inserido, Raikes percebeu que, entre as causas da criminalidade e da bebedice desenfreada, estava a ignorância das pessoas; e que o abandono em que viviam as crianças carentes da cidade as expunham à essa situação de ignorância, acabando por estimula-las ao crime.
Diz-se que certo dia, procurando um jardineiro na Rua Saint Catherine, no bairro de Sooty Alley, Raikes encontrou um grupo de crianças maltrapilhas brincando na rua. Foi, então, informado que aos domingos a situação era ainda pior, pois as crianças trabalhavam nas fábricas de segunda a sábado, em jornadas de trabalho muito pesadas, mas aos domingos ficavam ociosas, quase abandonadas, passando o tempo inteiro na rua, não só brincando, mas se envolvendo em brigas e aprendendo várias espécies de vícios.
“Que perversos os meninos de Gloucester! Lutavam uns com os outros, eram mentirosos e ladrões, indescritivelmente sujos e despenteados. Depredavam propriedades e infestavam ruas, tornando-as perigosas com as calamidades deles”.
Pensando em com ajudar esses meninos, Raikes teve a ideia de organizar uma escola que funcionaria aos domingos (porque as crianças e os jovens trabalhavam 6 dias por semana, durante 12 horas) e não cuidaria apenas da educação secular, mas daria também a educação religiosa e teria a Bíblia como base. Naquele tempo, não havia escolas públicas na Inglaterra, apenas escolas particulares, algo que era privilégio para poucos.
Assim, em 20 de julho de 1780, nasceu a  Escola Dominical. Totalmente gratuita, a escola foi instalada na Rua Saint Catharine e contava o apoio de 4 mulheres que Raikes contratara para ajuda-lo a lecionar.
Tinha Raikes 44 anos de idade quando saiu pelas ruas de Gloucester a convidar crianças pobres, de 6 a 14 anos, a se reunirem todos os domingos para aprender a Palavra de Deus. Juntamente com o ensino religioso, ministrava-lhes Raikes várias matérias seculares: matemática, história e inglês, além de noções de boas maneiras, de moral e de civismo. Complementando o trabalho, Raikes também providenciava roupas novas, alimentação e tudo o mais que as crianças precisavam, inclusive banho e cabelos penteados.
Não demorou muito, e a escola de Raikes já era bem popular. Em pouco tempo já eram mais de 100 crianças matriculadas. De 1780 a 1783, sete Escolas já tinham sido fundadas somente em Gloucester, tendo cada uma 30 alunos, em média.
Entretanto, a oposição não tardou a chegar. Muitos eram os que o acusavam de estar “quebrando o domingo”. “Onde já se viu comprometer o dia do Senhor com esses moleques? Será que o Sr. Raikes não sabe que o domingo existe para ser consagrado a Deus?”.
Porém, mesmo com a oposição, o trabalho de Raikes continuou crescendo e rapidamente se alastrou pelo país. Em 1785, apenas cinco anos depois da criação da primeira escola, foi organizada em Londres uma sociedade voltada para a criação de escolas dominicais. Assim, foram abertas cerca de 300 escolas, que eram supridas com livros, material didático e professores. Um ano depois, cerca de 200.000 crianças estavam sendo ensinadas em toda a Inglaterra, e 250 mil no ano seguinte. No princípio, os professores eram pagos, mas depois passaram a ser voluntários. Da Inglaterra a instituição foi para o País de Gales, Escócia, Irlanda e Estados Unidos.
O efeito da Escola Dominical foi tão poderoso, que 12 anos após sua fundação, em 1792, não havia um só criminoso na sala dos réus para julgamento nos tribunais de Gloucester, quando antes a média era de 50 a 100 em cada julgamento!
Quando Raikes faleceu, em 1811, cerca de 400 mil alunos estavam matriculados nas diversas escolas dominicais britânicas.
A Escola Dominical nasceu para servir como ensino público gratuito orientado pelos princípios da educação cristã, vindo posteriormente o governo britânico, bem como o de outros países, a oferecer o sistema de educação pública e a se responsabilizar oficialmente por ele.


A escola dominical no Brasil

Os missionários escoceses Robert R. Kalley e Sara P. Kalley são considerados os fundadores da Escola Dominical no Brasil. Em 19 de agosto de 1855, na cidade imperial de Petrópolis, no Rio de Janeiro, eles dirigiram a primeira Escola Dominical em terras brasileiras. Esta data é considerada o início do trabalho evangélico no solo brasileiro e em língua portuguesa de caráter permanente. Sua audiência não era grande: apenas cinco crianças assistiram àquela aula. Mas foi suficiente para que seu trabalho florescesse e alcançasse os lugares mais retirados de nosso país. Hoje, no local onde funcionou a primeira Escola Dominical do Brasil, ainda é possível ver o memorial que registra este tão singular momento do ensino da Palavra de Deus em nossa terra. Robert e Sarah Kalley também são muito conhecidos no nosso meio por causa dos vários hinos que têm suas participações, como o hino 003 - A Igreja em Adoração, o hino 054 - A chegada do Messias e o hino 139 - O socorro do crente, que a IPU aprendeu recentemente.
A primeira escola dominical presbiteriana no Brasil foi iniciada pelo Rev. Ashbel Green Simonton, em maio de 1861, no Rio de Janeiro. O primeiro trabalho promovido pela Igreja Presbiteriana em nosso país, em língua portuguesa, foi a Escola Dominical. Isso aconteceu no Rio de Janeiro, no dia 22 de abril de 1862, também dirigida pelo Rev. Simonton. Essa escola aparentemente foi organizada de modo mais formal em maio de 1867. Um evento comum em muitas igrejas presbiterianas brasileiras nas primeiras décadas do século 20 era o “Dia do rumo à escola dominical”, quando se fazia um esforço especial para trazer um grande número de visitantes.
A Escola Dominical é o principal instrumento de evangelização e instrução. Geralmente, ela nasce antes da Igreja, e o seu rol de alunos é, quase sempre, maior do que o rol de membros da Igreja. Sem ela seria muito difícil levar o evangelho até os confins da terra.



“À Escola, pois, Dominical, irmãos, receber celeste luz! O santo livro, aberto em nossas mãos, aprendamos de Jesus.”

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